Posicionamento é, antes de tudo, coerência
O mercado não compra apenas o que você entrega, compra quem você é e a forma como vive
Na última publicação, falei sobre a importância de colocarmos o cliente no centro, porque conseguir mantê-lo próximo e engajado enquanto aumentamos o valor entregue a cada passo da sua jornada é o que realmente muda o jogo de qualquer negócio. Também destaquei que isso não acontece com discurso ou ações desordenadas, mas com um sistema de trabalho que funciona com três engrenagens principais conectadas o tempo todo: direção, memória e tração. A direção define o caminho que o cliente percorre dentro do seu negócio. A memória nos impede de esquecer quem ele é. A tração alinha os times para que a jornada aconteça com fluidez. E dei nome às três peças: Jornada do Cliente, CRM e RevOps.
Deixei ainda a promessa de abrir os nossos bastidores, mostrando o que tenho feito nos meus negócios para transformar esse princípio em prática. É exatamente o que começo a fazer hoje, a partir do posicionamento dos meus negócios.
Na Tegrus, por exemplo, temos clareza de que posicionamento não é apenas discurso. É a forma como decidimos aparecer, com quem escolhemos conversar e o que nos comprometemos a entregar. Não é à toa que a nossa Escada de Valor é o reflexo de um posicionamento que nos permite conversar com empresas de diferentes tamanhos e contextos. Organizamos nossas linhas de produto e serviço para atender negócios em diversos momentos de maturidade, de iniciativas pontuais a soluções completas de Growth e RevOps, preservando a unidade do que acreditamos sem perder a coerência.
Hoje, meu foco é explicar o posicionamento que torna essa escada de valor possível. Na próxima publicação, vou detalhar como esse posicionamento se conecta à nossa escada de valor e à nossa esteira de produtos. Também vou compartilhar novidades que estamos lançando para ampliar o alcance e a profundidade do que já fazemos.
Você é o que falam sobre você
Muita gente tenta parecer autoridade, mas poucos realmente se tornam uma. Autoridade não nasce do discurso, nasce do estilo de vida. É o reflexo de onde você está, com quem se relaciona, o que escolhe mostrar e, sobretudo, de como sustenta o que diz na prática. O mercado aprendeu a enxergar além das palavras. As pessoas percebem sinais antes de entender o conteúdo.
Autoridade não nasce de slogans ou apresentações de PowerPoint. Ela nasce do que os outros dizem sobre você. O mercado não compra apenas o que você vende, compra a sua visão e a forma como você vive. Palco e bastidor importam. O palco impressiona, mas é o bastidor que sustenta.
Posicionamento é, antes de tudo, coerência. É aqui que muitos escorregam. Criam uma persona que não conseguem sustentar. O vacilo começa pequeno: uma promessa além do que se entrega, um atalho que facilita hoje e cobra caro amanhã, uma postura em público que não se repete no particular. Não é uma questão de carisma. É de consistência. É sobre construir uma percepção que sobreviva ao teste da convivência e do tempo.
E existe um fato que ninguém deveria tentar negar: as pessoas julgam. Sempre julgaram e sempre vão julgar. Faz sentido procurar um nutricionista que não cuida da própria saúde? Ou treinar com um personal trainer que não demonstra disciplina física? Ou ainda receber conselhos financeiros de quem vive endividado? O exemplo sempre vai comunicar mais alto que qualquer discurso. Autoridade começa no exemplo e cresce com o resultado.
O jeito que você se porta em uma negociação, o tom de voz em uma conversa, a forma de reagir sob pressão, a disciplina que aparece nas suas rotinas e escolhas. Tudo comunica. As pessoas podem até não ter o vocabulário técnico para descrever, mas sentem quando o discurso e a vida não batem. Cedo ou tarde, esses sinais se tornam a percepção definitiva que o mercado terá de você.
O ambiente te molda
Ambientes moldam a percepção e moldam quem você se torna. Estar em salas de decisão, participar de eventos estratégicos e conviver com empresários sérios muda o jeito como o mercado te enxerga e também muda o jeito como você se enxerga. Se você passa tempo demais em círculos rasos, a sua régua desce. Quando intencionalmente sobe a barra do ambiente, a sua régua sobe junto.
Sempre busquei circular por diferentes bolhas para ampliar meu alcance. Cada círculo tem códigos próprios. Há grupos mais conservadores e outros mais inovadores. Alguns privilegiam relações antigas, outros valorizam networking. O pior é que existem rivalidades e incompatibilidades pontuais entre esses grupos.
O fato é que transitar entre esses mundos exige clareza sobre quem você é, leitura de contexto e capacidade de adaptação. O meu jogo tem sido identificar o que tenho em comum com cada grupo, fortalecer esses pontos de contato e contribuir onde a minha história agrega. Isso me permite transitar sem me prender a uma única narrativa.
Há círculos que continuam desafiadores. O dos sucessores, por exemplo, opera com códigos sociais muito diferentes da minha trajetória. Não é sobre julgamento, é sobre identificação. Muitas vezes, o que conquistei e a forma como enxergo a vida não traz uma identificação natural para essa turma. Do meu lado, não tenho nada contra eles. Ao contrário. Admiro por estarem trabalhando enquanto poderiam estar apenas gastando. Fora que eu trabalho para que os meus filhos possam ter a vida que eles têm hoje, e isso diz tudo sobre o respeito que tenho por essa realidade. Talvez seja apenas uma questão de tempo e de encontrar os pontos de encontro certos. Enquanto isso, sigo onde posso gerar valor e está tudo bem.
É nesse contexto que, ao longo dos últimos anos, tenho escolhido melhor onde estar, com quem me conectar e quais canais priorizar. Não porque eu precise aparecer, mas porque cada ambiente é uma vitrine. Ao estar nos lugares onde decisões são tomadas, reforço o que represento quando falo de negócios, growth, RevOps, CRM, IA, etc. Não seria exagero afirmar que posicionamento começa onde você está.
O mercado premia os que sabem onde querem chegar
Posicionamento é escolha. Quando você não se posiciona de forma intencional, o mercado faz isso por você. E quase sempre pelo caminho mais fácil: te enxergar como mais um.
E se você não quer ser mais um, vou ser direto. É assim que o mundo funciona: primeiro as pessoas ouvem falar de você. Depois, se se interessarem vão passar a te acompanhar. Só então, em algum momento, se tornam clientes. O posicionamento é o filtro que abre as portas desse ciclo. Quanto mais consistente, mais fácil transformar percepção em negócio.
Por isso, não adianta querer resultado imediato sem construir autoridade antes. É o posicionamento que gera confiança. E confiança sustenta qualquer decisão de compra. Só que confiança não se compra com anúncios, se conquista com evidências. É repetição de entrega, clareza de visão e um histórico que prova quem você é. Mas um ponto importante é que se o seu produto não cumpre o que promete, a confiança que você levou anos para construir, é perdida da noite pro dia. Mas quando cumpre, o seu posicionamento vai multiplicar a percepção de valor.
E esse processo é gradual. Você não vai ter tudo de uma vez. Mas precisa dar passos. Cada passo atrai mais clientes, gera mais receita e permite novos avanços. Autoridade é construída em camadas. Você começa pequeno, entrega, ganha confiança, cresce. Usa esse crescimento para investir, melhorar, dar novos passos. Essa lógica vale para negócios, para carreira e para qualquer construção de autoridade. É assim que você sai da prateleira do genérico para ser reconhecido como referência.
Existe também o custo da exposição. Quanto mais conhecido você se torna, mais opiniões surgem. Muitos vão falar bem, outros tantos vão criticar. É inevitável. Só não recebe críticas quem nunca foi visto. O jogo é lidar com isso sem se perder. A crítica construtiva ajusta a rota. As outras, as feitas principalmente por quem te inveja ou quer seu mal, pode ser usada como combustível. Mas em nenhum caso você pode parar. Porque enquanto você melhora, você gera caixa, desenvolve o seu negócio, fortalece o time e amplia sua reputação. E reputação é o multiplicador invisível que abre portas e acelera qualquer estratégia .
No fim, posicionamento não é sobre estar pronto desde o início. É sobre ter clareza de onde você quer chegar e disciplina para dar os passos que te levam até lá. Quem não escolhe o próprio caminho acaba com o caminho escolhido pelo mercado. E quase sempre esse destino é o da irrelevância.
Um diamante bruto que precisa ser lapidado
Posicionamento é lapidação constante. Você não começa pronto, mas deveria começar de maneira intencional. Cada ambiente certo amplia o seu alcance. Cada atitude coerente fortalece a confiança.
Estilo de vida, no fim, é sobre coerência. É ser aquilo que você diz que é. O palco impressiona, mas é o bastidor que sustenta quem você diz ser. Quando os dois se alinham, você deixa de ser apenas mais um e passa a ser referência. E referência não é quem fala mais alto, mas quem consegue viver o que fala.
Não se esqueça: quanto mais você se torna conhecido, mais opiniões vão surgir. Muitos vão falar bem, outros tantos vão criticar. Quanto maior a exposição, maior a intensidade das opiniões. Essa é a consequência natural da relevância. Só não recebe críticas quem nunca foi visto.
O jogo é simples de entender e difícil de jogar: é necessário visão para enxergar o futuro, disciplina para sustentar a jornada e coragem para enfrentar o (inevitável) julgamento. A questão não é se vão falar de você, mas quando e como vão falar. Autoridade nasce quando você aceita esse jogo, se expõe e continua crescendo sob os olhos atentos (e críticos) do mercado.
Muitos falam que vivemos a era do Founder Led Growth. Empresas aceleram quando os fundadores assumem a narrativa e colocam a cara no jogo. João Adibe, na Cimed, transformou seu estilo de vida em motor de marca. Elon Musk, com todas as polêmicas, ampliou o alcance de seus negócios por ter um ponto de vista claro e visível. Rony Meisler consolidou autoridade não apenas pelo produto, mas pela posição de liderança que ocupou no setor de moda. O que todos eles têm em comum é a coragem de se posicionar. Não se escondem atrás das marcas. Eles são a própria marca.
Palco e bastidor precisam trabalhar juntos. O palco impressiona, traduz visão e inspira movimento. O bastidor sustenta, entrega resultado e constrói lastro. Quando os dois se alinham, você deixa de ser mais um e passa a ser referência. Referência não é quem fala mais alto. É quem consegue viver o que fala, todos os dias, diante de quem observa e de todos aqueles que estão prontos para te julgar.
No fim, autoridade não é sobre parecer. É sobre ser. Palco e bastidor, juntos, criam a força que transforma presença em referência. Quem consegue alinhar discurso e prática conquista respeito, inspira confiança e constrói reputação.
E confiança, no fim das contas, é o ativo mais valioso que alguém pode carregar.
THGD
Felipe Lomeu