Toda semana eu converso com muitos profissionais brilhantes, com times cheios de boas intenções e com jovens que têm todas as ferramentas nas mãos. Escuto deles ideias geniais… o problema nunca foi a falta de ideias. E sim a execução.
“Ideas are easy. Execution is everything.” — John Doerr
Parece que a maior parte das pessoas confunde progresso com movimento. Elas se apegam à sensação de estar fazendo muito, quando na verdade só estão andando em círculos. Engraçado como eu percebo algo comum nessas histórias: o excesso de frentes abertas.
Hoje eu falar sobre foco, execução e compromisso. E vou falar também sobre IA.
Eu tive a oportunidade, ao longo da minha trajetória, de beber água limpa e surfar ondas como a da internet, websites, tecnologia da informação, startups, games, aplicativos, ads, growth, CRM, RevOps, e agora, IA.
Se tem uma coisa que os últimos tempos deixaram claro, é que quem ficar parado vai assistir o jogo mudar sem nem perceber. Já vimos isso acontecer antes. Quem ignorou a internet nos anos 2000 ficou para trás. Agora, quem ignorar a inteligência artificial corre o risco de repetir a história. Não é sobre o futuro. É sobre o tsunami que já está reconfigurando o nosso mundo.
Eu escolhi a IA como uma das frentes que vou dominar profundamente. Estudar, aplicar, errar, melhorar, usar no limite. Me tornar um hard user. Não é à toa que estou pessoalmente liderando uma mudança de mentalidade e hábitos nos times e negócios que estão próximos a mim.
E é isso que separa mais uma iniciativa qualquer de um progresso estratégico: visão de longo prazo.
Quando o crescimento individual encontra a ação externa
Por muito tempo, eu achei que precisava de mais conhecimento técnico. Depois, que precisava ser mais inteligente. De ler mais sobre negócios. De mais gente. Mais qualquer coisa. Até entender que o maior salto que eu poderia dar vinha de mim mesmo. Do meu comportamento.
Porque não é sobre o quanto você sabe ou o quanto você tem. É sobre o quanto consegue transformar o que sabe ou tem em ação coordenada, rotina e resultado. E isso vale para a saúde, para a vida, para os negócios. Vale para tudo.
Nos últimos anos, reorganizei minha agenda, meus hábitos e minha maneira de tomar decisões. Cortei distrações, fechei pastas, parei de abrir frentes novas antes de concluir as que estavam em aberto. Aprendi, de forma muito concreta, sobre o impacto de saber escolher o que precisa ser feito agora e o que pode esperar.
E aí vem o ponto central: mudança de mentalidade sem ação prática é apenas inspiracional. Ferramentas e pessoas sem intenção clara são só distração. E conhecimento sem aplicação não serve pra nada.
Tenho levado essa visão em tudo no meu dia a dia, inclusive para meus times e liderados. Minha mensagem constantemente reforça a importância de ter clareza e disciplina com o que precisa ser feito. E da decisão de ir até o fim em tudo que é iniciado.
E quando esse crescimento individual encontra a ação externa de outros indivíduos, o que acontece não é apenas eficiência. É transformação.
Disciplina e consistência: o que sustenta o que importa
Muita gente associa disciplina à rigidez. Mas, pra mim, disciplina é liberdade.
Liberdade de não depender da motivação do dia. Liberdade de escolher com clareza o que vai receber minha atenção. E o mais importante: o que não vai.
“Pequenas disciplinas repetidas com consistência todos os dias levam a grandes conquistas ao longo do tempo.” — John C. Maxwell
Sem disciplina e autocontrole, a ansiedade domina o jogo. Esse é o primeiro passo para confundirmos urgência com importância. E depois começamos a trabalhar demais, sem avançar de verdade. É por isso que falo tanto em fechar pastas. Não tem como crescer de forma consistente abrindo mil frentes e deixando tudo pela metade.
De 2023 pra cá, por exemplo, a Inteligência Artificial ganhou um espaço relevante na minha vida. Mas não como modinha. Nem como promessa milagrosa. Entrou na minha rotina porque eu fiz a escolha deliberada de aprofundar, dominar, testar e usar no limite. Deixei de lado o papel de observador curioso pra me tornar um hard user. Hoje, IA faz parte da minha rotina de trabalho e me ajuda em vários assuntos pessoais.
Uso ChatGPT, Gemini, Perplexity, Manus e vários LLMs. Mas o mais importante é que hoje integro essas ferramentas à minha forma de pensar e trabalhar. Não é sobre brincar com prompts. É sobre ganhar velocidade, refinar decisões, ampliar perspectivas.
É sobre construir um sistema de pensamento apoiado em tecnologia. Ferramenta, pra mim, só faz sentido se está a serviço de um objetivo. E pra alcançar qualquer objetivo, sem clareza e disciplina, uma ferramenta não serve pra nada. É só um brinquedo que toma o seu tempo.
Clareza, coragem e execução com foco
Clareza é um dos ativos mais subestimados no mundo dos negócios. E talvez o mais escasso.
É fácil se perder em meio a tarefas, decisões, oportunidades, ideias brilhantes. Difícil é ser criterioso pra dizer não. Difícil é manter o foco no que realmente move o ponteiro. E foco, no fim das contas, não é uma habilidade. É uma escolha.
Você escolhe onde coloca sua energia. Você escolhe o que vai sacrificar. Você escolhe o que vai concluir antes de começar algo novo.
É aqui que entra a coragem de mudar o que não faz mais sentido. Coragem de largar muletas. Coragem de abandonar discursos bonitos e entregar o que precisa ser feito. Tem muita gente presa à narrativa. E pouca gente comprometida com a execução.
Nos últimos meses, tomei várias decisões difíceis. E a verdade é que ainda me falta coragem pra tomar algumas. Como eu disse anteriormente, escrever tem me dado clareza e me ajudado a tomar essas decisões. Mas voltando para as decisões difíceis… algumas envolviam mudar a rota. Outras, mudar a forma como o time opera. Mas em todas elas teve um objetivo: clareza sobre onde quero chegar.
Porque no fim do dia, o que constrói resultado não são as intenções. É o seu objetivo. É o próximo passo que você precisa dar. É o que você precisa terminar. Não o que ou como você começou. E sim por que você começou.
IA: uma pasta aberta na prática
É nesse contexto de foco e profundidade que a IA entrou de vez na minha vida. Não como um brinquedinho ou uma novidade. Mas como uma alavanca real pra minha vida. Decidi tratar a IA como parte do meu sistema de trabalho e do meu dia a dia. E isso mudou tudo.
Hoje, por exemplo, quando participo de uma reunião, seja presencial ou por call, ela é gravada, transcrita, resumida. Qualquer pessoa do time pode consultar o conteúdo depois, com uma simples pergunta, e acessar não só o que foi dito, mas o contexto, histórico, aprendizados, indicadores, desafios, status e tudo que estiver na base de conhecimento do projeto. Isso muda completamente a forma como trabalhamos.
Criamos um ambiente onde estruturamos e integramos o conhecimento pra nos aprofundar e acelerar decisões. É um modelo que ainda está ganhando corpo, mas que já tem gerado impacto, especialmente pra quem decidiu mergulhar de cabeça.
Mais importante que a ferramenta é a intenção por trás dela. A IA aqui não substitui. Ela complementa. Ela não pensa por mim ou por qualquer outra pessoa do time. Ela nos ajuda a pensar melhor. Ela não executa pela gente (ainda), mas nos ajuda a executar mais rápido e com mais eficiência.
E se tem algo que deixo claro pra quem trabalha comigo, é isso: IA não é atalho. É uma ferramenta poderosa se usada da maneira certa. O erro não é usar IA. É usá-la de forma rasa, dispersa, sem foco. Como se fosse só mais uma novidade ou só mais uma modinha, esperando a próxima pra ser deixada de lado.
Work hard pays off
Mesmo com poucos meses de adoção mais profunda, os efeitos práticos já começaram a aparecer. Não estou falando de produtividade no sentido raso de fazer mais tarefas por hora. Estou falando de clareza mental, decisões melhores, mais velocidade com menos esforço. E principalmente: mais profundidade nos temas que realmente importam.
Já me vi usando a IA pra preparar um diagnóstico estratégico, estruturar um plano comercial, revisar uma proposta, testar um argumento de vendas, gerar múltiplas perspectivas sobre um problema complexo e, na maioria das vezes, fazendo tudo isso em bem menos tempo e com muito menos esforço. E sim, esse texto aqui foi feito com apoio de IA, especificamente do ChatGPT, que sabe absolutamente tudo sobre mim.
Mas a IA não substitui meu trabalho. Apenas potencializa. Ganhei tempo. Ganhei novas ideias. Mas também precisei aprender a ser cuidadoso pra filtrá-las. Ganhei acesso a outras perspectivas. Mas também precisei aprender a ser incisivo com a minha própria opinião. Esse é o ponto: a IA não tira a sua autoria. Ela amplia a sua capacidade.
Não é à toa que lá na Tegrus definimos uma diretriz clara: usar IA deixou de ser diferencial e passou a ser pré-requisito. Porque se o jogo do mundo mudou, não dá pra gente jogar com as peças antigas. E a expectativa é que essa frente por lá só se intensifique.
Nunca sabemos exatamente onde cada pasta vai nos levar. Mas sabemos exatamente por que abrimos elas. No meu caso, essa nova pasta está partindo de uma decisão: fazer mais e melhor.
Precisei tomar riscos quando apostei em abrir essa pasta. E agora preciso manter o foco e o compromisso com a execução. Porque, pra mim, tudo parte de uma verdade inegociável: grandes conquistas são resultados das ações que você faz de dentro pra fora. Primeiro você muda o jeito de pensar. Depois, muda o jeito de operar. E só então o resultado aparece.
Que essa publicação te ajude a fechar uma pasta importante. Ou a abrir uma nova. Mas, principalmente, que te ajude a entender a importância de concluir o que precisa ser feito até o fim.
THGD
Felipe Lomeu
Hoje, rei é quem sabe filtrar as informações diante de tantas distrações e para que você consiga realizar isso, precisa ter a clareza que você citou do “porquê”.
Esse texto me fez ter a vontade de pegar o “Comece pelo porquê” do Simon e ler novamente, porém, colocando essa mentalidade em ação em todos os momentos, isso realmente muda o jogo.
Obrigado por compartilhar esse conteúdo!